terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Quando forem mães, peçam ajuda!

Quando fizemos o curso de preparação para o parto (aqui), uma das coisas que mais ouvimos pela querida Vanessa tem precisamente a ver com o último post que escrevi. A Vanessa (Enfermeira Obstetra) disse-nos sempre que a maternidade é um momento maravilhoso e único mas, também, um momento extremamente difícil e cansativo para as mães. Disse às mães que estavam presentes para nunca se esquecerem que, em primeiro lugar, estavam elas e os seus bebés e que, por essa razão, não iríamos ser capazes de fazer todas as tarefas que fazíamos anteriormente. Pediu, também, aos pais para estarem presentes nas tarefas domésticas e para não exigirem demasiado das mães porque é um momento de grande fragilidade, não só física mas, sobretudo, emocional. Tudo isto ficou marcado na minha memória. Dizia-nos a certa altura: "não tenham vergonha de pedir ajuda à vossa mãe, não sejam perfeccionistas e deixem-se ajudar, nem que seja com a roupa ou com as refeições. Isso vai fazer toda a diferença no vosso bem-estar e na harmonia da família".

Talvez por ter ouvido aquilo tantas vezes, achei sempre que não ia ser nenhum mar de rosas e, logo que a Carminho nasceu, aceitei logo a ajuda da minha Mãe. Apesar do André fazer muitas coisas, os meus pais faziam questão de passar em nossa casa em fim de dia. A minha Mãe trazia-me compras do supermercado (nem que fosse apenas fraldas!), estendia e tirava a roupa do estendal, cozinhava, enfim...fazia o que houvesse para fazer. Confesso que, naquela altura, me chateava aqui e ali porque as coisas não estavam feitas como costumo fazer mas depressa me habituei. A minha Mãe costuma dizer que ninguém faz as coisas como nós, mesmo que queira muito Por isso, respirei fundo e deixei-me de tretas porque o que interessava verdadeiramente era ajudar e não fazer as coisas como eu faço, porque para isso, fazia eu!

Desta vez, a ajuda da minha Mãe foi bem maior porque o André chegava sempre tarde a casa. A somar a toda a organização de casa, já tinha a Carminho que necessitava da minha atenção até mais do que a Frederica. A nossa Pediatra avisou-nos que ela é que deveria ser a detentora de toda a nossa atenção porque a Frederica apenas precisa de ser alimentada nos primeiros tempos. Podem achar que esta é uma visão muito limitada mas acaba por ser verdade: nos primeiros meses, a Frederica apenas precisa que cuidem dela. Seria fácil se a Frederica tivesse sido um bebé como a Carminho mas, como ninguém é igual a ninguém, isso não aconteceu. Ela é tranquila mas sofreu (e ainda sofre) muito com cólicas. Por isso houve dias em que não consegui dar banho à Carminho ou à Frederica, houve dias em que não almoçei ou jantei, houve dias que fiz a nossa cama pouco antes de me deitar nela, houve dias em que a sala estava o caos, houve dias e dias muito difíceis, mesmo apesar de ter a minha Mãe diariamente das 18h até cerca das 22h/22h30. Foi muito bom termo-nos uma à outra mas só nós sabemos as noites e os momentos difíceis que passámos durante estes 3 meses.

Por isso e, por ter recebido tantas mensagens sobre este assunto, quero deixar-vos a minha experiência. Quem vos rodeia terá certamente sensibilidade para oferecer a sua ajuda mas, se assim não for, não se acanhem de pedir. Por mais pequena que seja, valerá sempre a pena e fará sempre mas SEMPRE diferença no vosso dia. Por vezes, pode até ser a vossa tábua de salvação num dia mais cansativo. Não vivam nem carreguem tudo sozinhas e partilhem as vossas emoções e frustrações com quem mais amam e em quem confiam: isto pode ser a diferença entre estar bem (para vocês próprias e para o vosso bebé) ou estar deprimida.


A Carminho com 1 mês de vida


Um grande beijinho,

Mafalda 

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