Quem nos segue regularmente, percebeu que estou em casa de baixa há já algum tempo, não porque se passasse alguma coisa de errado, mas porque já acusava cansaço e dores. Aproveitei esta fase para ir preparando o quarto das meninas com calma: separar a roupa da Carminho que já não lhe servia, guardar e separar brinquedos; lavar as coisas da Carminho que serviriam para a Frederica (apenas algumas pois nasceram em estações diferentes); organizar gavetas e arranjar espaço para mais um membro a dormir, posteriormente, naquele quarto. Aproveitei, também, para viver com a Carminho os últimos momentos de filha única: fazer tudo com calma, levá-la a passear, brincar....brincar muito! E, como não podia deixar de ser, habituá-la à ideia de que, daqui a uns tempos, iria deixar de ser filha única.
Há cerca de quinze dias, comecei a perder aquilo que se chama de rolhão mucoso. Para quem não sabe, o rolhão mucoso é um tampão que protege o colo do útero e cuja função é impedir a passagem de germes. A expulsão do rolhão sinaliza a proximidade do parto que poderá desenvolver-se em algumas horas ou até passado alguns dias/semanas. Falei com a minha médica que me descansou e disse para não me preocupar, a não ser que tivesse dores ou sangramentos.
Continuei a fazer a minha vida normal, tendo, aqui e ali, algumas dores, mas nada impossível de controlar. Na passada sexta feira, acordei de uma sesta e percebi que se passava alguma coisa. Levantei-me e....água por todo o lado! Pensei: "que chatice, ela faz hoje 35 semanas! Como é que vai ser?" Respirei fundo e disse: "vai nascer de uma maneira ou de outra, por isso não vale de nada fazer dramas!" Falei com a minha médica, liguei ao A. e fomos para a CUF. À chegada, a minha médica observou-me e disse-me que a bolsa estava rota. Fiquei internada e, por sermos os 3 (eu, o A. e a minha médica), defensores do parto normal por várias razões, resolvemos esperar que a Frederica fizesse e desenvolvesse o processo natural, de forma a preparar-se para nascer. Entretanto, levei uma injecção para ajudar à maturação dos pulmões da Frederica e fui levando, via intravenosa, antibiótico para prevenir potencais infecções, já que tinha a bolsa rota.
No decorrer do processo, a minha médica avisou-me que só poderíamos esperar algumas horas, sob pena de colocar o bebé em risco. Caso ela não nascesse entretanto, teríamos de lhe dar uma ajuda com ocitocina (assim diz o protocolo), o que acabou por acontecer. Após 22 horas de espera, nasceu a nossa Frederica e, mais uma vez, não consegui conter a emoção: chorei, chorei, chorei. Para mim, não há sensação melhor no mundo do que ser Mãe! Passamos por tantas emoções durante a gravidez e durante o trabalho de parto que o nascimento nos faz sentir vulneráveis mas, também, supermulheres. É um misto de emoções! No meio disto tudo, sempre acompanhada pelo A. que tem uma paciência de santo! Esteve sempre do meu lado, compreendendo e aceitando tudo, até o meu mau feitio na hora de ir a casa de banho com os fios do CTG e arrastando o soro com ele! Na hora do parto e, apesar de poder ter a minha Mãe comigo, preferi que fosse ele porque me transmite calma e, acima de tudo, segurança. Juntamente com a minha médica e a restante equipa, estávamos todos expectantes mas calmos (aliás, só de olhar para a minha médica já fico tranquila).
A Frederica nasceu perto das 10h de sábado e cheia de genica. Felizmente não foi preciso ser ajudada a nível respiratório e mamou logo que fomos para o recobro. 2,350kg de formosura mas, também, de uma vontade imensa de conhecer o mundo pois, apesar de prematura e, segundo o pediatra que nos assistiu durante o parto, estava preparada para nascer.
Agora é protegê-la durante o próximo mês de modo a que consiga crescer, engordar e desenvolver-se
o melhor que puder. Por indicação da pediatra, só saímos para as consultas/exames e não podemos receber visitas, sob pena de ficar doente. A Frederica é prematura e, por isso, nos primeiros tempos, todo o cuidado é pouco.
Ainda que tenhamos todo este cuidado, estou feliz. Muito feliz. Obrigada a todos pelas mensagens e pelo carinho com que "inundaram" o nosso facebook e instagram. Obrigada por estarem desse lado!
Um enorme beijinho,
Mafalda