segunda-feira, 24 de julho de 2017

A questão da prioridade

Crescemos a ouvir os nossos pais a dizer-nos que temos de saber respeitar os outros: pedir "por favor" e agradecer; sorrir quando nos apresentam uma pessoa (ainda que, à primeira vista, nos pareça antipática); agirmos de acordo com cada situação (seja numa festa, numa consulta, dentro da sala de aula ou, até mesmo, num casamento) e, por fim, tentarmos colocar-nos no lugar do "outro", dando prioridade ou cedendo a passagem a quem mais precisa. 

Pois parece que, infelizmente, tudo isto fica esquecido quando nos tornamos adultos. Assim que fiquei grávida da Carminho comecei a reparar no desrespeito que certas pessoas têm, tanto por grávidas ou mães com crianças de colo, como no que diz respeito aos deficientes motores. Em relação a estes, o que pude notar foi o estacionamento abusivo em cima dos passeios, limitando a deslocação dos mesmos. Eu própria, por uma vez, chamei a atenção do A. para o facto de estar a estacionar com as duas rodas laterais em cima de um passeio. Era apenas por um bocadinho mas, logo que o lembrei que ali não passaria uma cadeira de rodas, não hesitou em procurar outro lugar, ainda que londe do sítio onde queríamos ir. Não dá mesmo para pensar de outra forma, os passeios têm de ser largos e de estar completamente desimpedidos de forma a que qualquer pessoa possa passar, seja uma mãe com um carrinho de bébé ou uma pessoa de cadeira de rodas!  

No que diz respeito às grávidas ou mães com crianças de colo, há vários pontos a referir. Comecemos pelas filas de supermercado. Atualmente, não conheço nenhum estabelecimento deste tipo que tenha uma fila EXCLUSIVA para estes casos pois, mesmos nas que estão assinaladas, conseguimos ver que está cheia de gente que não pertence a este grupo. E depois, vai-se com o carrinho, todas as pessoas nos olham para a barriga e ninguém, mesmo NINGUÉM parece importar-se ao ponto de se desviar para podermos passar.  Aconteceu-me na semana passada. Tinha o carrinho com algumas compras e a Carminho lá dentro sentada. Todas as caixas estavam cheias e dirigi-me à chamada prioritária. À minha frente estavam cerca de 5 carrinhos de compras. Todos me viram e desviaram o olhar até que a senhora da caixa me chamou e disse para passar pela caixa do lado, desviando a cancela. Cheguei à caixa, olhei para o fim da fila e pude observar o pior dos cenários...as pessoas a revirarem os olhos e a suspirar. "Que tristeza", pensei eu. Mas, qual não é o meu espanto que chegou mais uma grávida com uma amiga e a senhora que se encontrava imediatamente atrás de mim exclama: "Mas isto hoje é só grávidas? Espero não ficar aqui o dia todo!!!" Baixei a cabeça, pus as compras no carrinho e vim-me embora, sob pena de lhe responder. Quando já estava no fundo do corredor, ouvi a senhora da caixa dizer-lhe: "minha senhora, esta caixa é prioritária". 

Passando aos parques de estacionamento dos centros comerciais ou até de hospitais privados. Reparem na quantidade de lugares assinalados para grávidas/famílias vs. as pessoas que lá estacionam. Dou-vos outro exemplo bem recente, desta vez no El Corte Inglês. Avistei um lugar para grávidas/famílias e comentei com o A. Ele foi dar a volta para podemos estacionar. Quando lá chegámos, eis que estaciona uma senhora de meia idade sem crianças. Ficámos os dois estarrecidos a observar. Do outro lado da rua, estavam dois seguranças do parque que, assim como nós, puderam dar conta desta situação. E o que fizeram? N-A-D-A! 

Apenas quero, com isto, apelar ao bom senso de quem me lê. Pensem por favor, que, ainda que seja por apenas 5 minutos, poderão estar a prejudicar alguém. Não seria, de todo, necessário que existissem locais designados a estas pessoas se todos nos pudessemos colocar no lugar do "outro", se todos pudessemos ter um bocadinho mais de civismo. Em última análise existem os nossos filhos. Que exemplo lhes queremos passar? 
   


Imagem de uma campanha publicitária chinesa que pretendia sensibilizar para a cedência de lugar a grávidas nos transportes públicos 

Um beijinho, 

Mafalda 

segunda-feira, 17 de julho de 2017

E o bébé que vem a caminho é...

Passou-se 1 ano e meio e não pensávamos em ter o segundo filho....até que começaram a nascer vários bébés à nossa volta e voltámos a sentir vontade de ser pais novamente. Decidimos que deixávamos a natureza fazer o seu trabalho e, no mês seguinte, veio a boa nova. Nem queríamos acreditar que fosse tão rápido pois, da primeira vez, demorámos cerca de nove meses até conseguir um teste positivo! Desta vez e, talvez por já não existir a ansiedade do primeiro filho, foi tudo mais rápido! 

E se, antes de engravidar, pensava na possibilidade de vir a ser Mãe de um menino, esta ideia foi desvanecendo à medida que a barriga foi crescendo. Umas pessoas olhavam para mim, para a barriga e para a minha cara e diziam que parecia estar diferente em relação à gravidez da Carminho, vinha lá um rapaz de certeza! Outras pessoas, pelo contrário, afirmavam que o palpite era menina. Até testes me fizeram para adivinhar o que lá vinha...um teste onde mostrava as palmas da mão, o famoso teste da agulha, o da tabela chinesa e o teste da colher e do garfo. E as dúvidas continuam no ar...nuns testes, a resposta era menino, noutras era menina. 

"Então e tu, o que é que achas? Tens algum feeling?" perguntavam-me outras pessoas. Comecei a sentir que lá vinha uma menina, dava por mim a observar o corpo, a ver a barriga e parecia-me tudo tal e qual como na gravidez da Carminho. Não havia nada que me pudesse colocar em dúvida e levar-me a afirmar que o meu feeling estava errado. Na primeira ecografia (a das 12 semanas), a ecografista disse-nos que era muito cedo para ter certezas e que as estatísticas dizem que apenas 3 palpites em 10 acabam por ser certeiros e que não ia afirmar nada sem ter certezas. O pai continuava esperançoso que viesse lá um menino mas eu continuava a achar que vinha outra menina. Até que, na ecografia do segundo trimestre (22 semanas), a médica nos deu certezas: "já repararam que estou só a falar nela? Sim, é uma menina!" 

Confesso que não aguentei, olhei para o A. e exclamei: "Eu não te disse? Eu sabia!". 


Estamos radiantes! Confesso que ficaríamos de qualquer forma mas estou muito feliz. Esta mana vai poder fazer imensa companhia à Carminho e vai poder gozar dos seus conselhos e vivências quando for mais crescida!

Espero que venha com saúde e que possa, juntamente com a Carminho, crescer forte e feliz! 

Um beijinho, 

Mafalda  
 

terça-feira, 11 de julho de 2017

Reflexões de uma professora em final de ano

Há dias bons e há dias maus. 

Há dias em que tudo nos corre bem, que o nosso trabalho flui, que não há chatices e que o chefe até parece estar bem disposto. Isto para quem trabalha em empresas. 

No meu dia-a-dia de professora, um bom dia de trabalho é um dia em que as aulas correm bem, em que consegui ensinar os conteúdos aos meus alunos (vendo-os interessados e envolvidos) mas, também, um dia onde pude parar para me rir com uma qualquer piada de um aluno, explicar qualquer coisa do quotidiano ou até sorrir perante uma palavra mal pronunciada pelos alunos. 

Por outro lado, um dia mau é aquele em que sinto que a mensagem não está a passar, em que não sinto os meus alunos motivados para aprender, seja porque estão cansados, seja porque a matéria (ou até eu) não os entusiasma. 

É por eles que me esforço, é por eles que procuro saber mais, que estudo, que me atualizo, que procuro novas práticas e novas estratégias para aprender mais e melhor. 

As aulas já terminaram e, ainda assim, sinto que podia ter feito melhor. Serei só eu? 

Para o ano há mais. 

Um beijinho, 

Mafalda