segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Amamentar ou não?

Estamos, constantemente, a falar sobre o mesmo assunto, pensam alguns. Infelizmente, enquanto não conseguirmos ver para além do horizonte, enquanto não formos capazes de nos despir de preconceitos, enquanto não conseguirmos perceber e aceitar opiniões e atitudes contrárias ao que defendemos, temos de falar sobre isto. Isto da amamentação. 

Faço parte de dois ou três grupos de mães no facebook onde o propósito do grupo é discutir alguns temas e ajudar quando necessário. Não fazem ideia das coisas que por lá se passam. Não sei quantas foram as vezes que vi mães a perguntar qual será o melhor leite para aliviar as cólicas ou até dicas para fazer o desmame e o contra-ataque das mães fundamentalistas da amamentação. Por isso é que muitas mães escondem o que passaram, por isso é que muitas mães fingem que amamentam, por isso é que muitas mães não saem à rua na hora das refeições dos seus bebés. E isto, a meu ver, é grave. 

Quando li este post escrito pela Margarida (aqui) e este escrito pela Ana (aqui), só consegui dar-lhes os parabéns porque aproveitaram a voz que têm nos seus blogs para dizer o que tantas mães pensam e não têm coragem: "a amamentação não está a correr bem e não, não quero tentar mais". Deixemo-nos de julgar ou de criticar. Todos conhecemos os benefícios da amamentação e todos sabemos o quanto é, sobretudo, melhor para o bebé mas ninguém fala das mães. E é triste, uma mãe passa 9 meses a ser acarinhada por todos e, de repente, o que interessa são, apenas e somente, as necessidades daquele novo ser. Não. Para mim, não. Uma mãe tem pleno direito de escolher se quer amamentar ou não e ninguém tem de fazer julgamentos.

Há uns anos (cerca de 10, penso eu) uma amiga minha ficou grávida do primeiro filho. Na altura eu teria 24 anos e ela 26, mais ou menos. Lembro-me perfeitamente de estarmos no hospital e da enfermeira entrar no quarto com o biberão numa mão e com um comprimido para secar o leite na outra. Achei aquilo tão estranho. Quando lhe perguntei acerca da sua decisão, repondeu-me "simplesmente não quero amamentar". Fiquei angustiada naquela altura mas hoje olho para trás e penso que é uma perfeita parvoíce. Ela estava perfeitamente a par de todas as vantagens e desvantagens da atitude que acabara de tomar e, no entanto, não vacilou. E nós, família e amigos, só tivemos de aceitar e apoiar a sua decisão porque, quem a tomou, saberá com toda a certeza o que é melhor para ela e para o bebé. 

E não se é má mãe por escolher outro caminho. Senão, como é que poderíamos ser más mães quando prescindimos de não estar bem, para passar a estar a 100% para o nosso bebé? Quando deixamos de chorar a cada mamada, para passar a estarmos de sorriso no rosto a dar um biberão? Há o mesmo sentimento de amor quando se dá um biberão, sabiam? 

Por isso, acredito que cada mãe saberá o que é melhor para si e para o seu filho. A amamentação não é uma experiência agradável para todas! Deixemo-nos de floreados e partilhemos a realidade, mesmo que ela seja dura. Não deixemos que a próxima geração de mães pense que é obrigatório dar de mamar porque não é, em primeiro lugar é uma escolha da mãe, agora e sempre! Por último, quero, também, lembrar que a amamentação não depende somente da vontade da mãe, uma boa parte desta experiência diz respeito à performance do bebé, consigo dizer isso hoje depois de ter tido a minha segunda filha, a Frederica (mas isso fica para outro post). 

Lembrem-se: ninguém tem de tomar decisões por vocês, nem ninguém tem o direito de opinar sobre as decisões tomadas por vós. Vocês é que são mães, o bebé é vosso, a relação é vossa. Vocês é que sabem.  

E deixo-vos com o lema da Ana (blog A melhor amiga da barbie): menos julgamento e mais amor!


Fotografia pela lente da Rita Alvim (aqui)

Um beijinho, 

Mafalda 
      

2 comentários:

  1. Lindo texto e sobretudo muito realista. Eu amamentei os meus dois filhos, por opção minha, se foi fácil, não foi. Tinha dores horríveis no início, mas acabei por superar, não pelo que os outros diziam, mas porque queria mesmo. Do segundo filho custou menos, mas o desmame não foi natural, foi por mim imposto, porque já estava esgotada. Também faço parte de um grupo no face de amamentação e o que mais leio são julgamentos.

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  2. O problema è gostarmos de impor limites à vida dos outros. Excelente post, concordo com cada vírgula.

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